Com um recorte que traz destaque para as festas afro-brasileiras, as curadoras Glaucea Britto e Raquel Barreto selecionaram artistas e obras históricas e contemporâneas, em diferentes suportes como fotografia, pintura, performance, instalação e vídeo.
Com base na leitura de textos de Lélia e nas manifestações visuais e processos criativos identificados em diferentes festividades afro-brasileiras – como a observação do modo como são confeccionadas as roupas e decorações –, nosso intuito era criar uma identidade contemporânea, alegre e que demonstrasse que as festas estão vivas e tratam de uma interface entre cultura e ação política.
A identidade visual é inspirada nas festas populares e parte de dois conceitos principais: modularidade e camadas. A modularidade é encontrada tanto nas vestimentas usadas nos festejos, feitas com milhares de lantejoulas, tiras de tecido e outros materiais, quanto de forma mais abrangente nos indivíduos que, juntos, demonstram a força coletiva. Essas ideias são expressas no letreiro da exposição, em que os módulos retangulares formam as letras do título. As camadas, presentes nas máscaras e fantasias de algumas das festividades afro-brasileiras pesquisadas, aludem ao mistério e provocação muitas vezes presentes nesses momentos em que o tempo é suspenso. Na comunicação visual, os títulos dos textos de cada núcleo expositivo são recortados, revelando a cor do verso das chapas que os recebem.
As cores remetem a um ambiente de festa, ao mesmo tempo em que o creme – quase branco – cria um fundo sóbrio e que dá destaque para as obras e textos. As legendas, impressas e adesivadas sobre chapas de poliestireno laranja, revelam a cor vibrante apenas ao observá-las de lado ao percorrer o espaço, remetendo aos detalhes das vestimentas que se revelam a partir do movimento.
A tipografia serifada em que os textos são escritos referencia a produção acadêmica de Lélia, e o conjunto da identidade visual aponta para um contexto que está vivo e em constante movimento.