Zanele Muholi: Beleza Valente

Identidade visual e catálogo da exposição retrospectiva de Zanele Muholi, ativista visual que documenta a vida da comunidade negra LGBTQIAPN+ na África do Sul e no mundo.

Zanele Muholi: Beleza Valente

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  • Cliente IMS – Instituto Moreira Salles
  • Ano 2025
  • Local São Paulo

Desde o início dos anos 2000, Muholi, que se define como ativista visual, documenta a vida da comunidade negra LGBTQIAPN+ na África do Sul e no mundo. A exposição, que ficou em cartaz no Instituto Moreira Salles de fevereiro a junho de 2025, reuniu suas principais séries fotográficas e trabalhos inéditos produzidos no Brasil. O catálogo reúne todas as obras apresentadas na exposição, uma longa entrevista inédita com Muholi, feita no Brasil, além de textos, depoimentos e uma extensa cronologia construída em parceria com o Museu da Diversidade Sexual.

Na etapa de pesquisa do projeto, estudamos montagens de exposições anteriores para entender como o trabalho de Muholi já havia sido exibido ao redor do mundo, e quais especificidades a exposição no Brasil poderia carregar. Também assistimos a palestra “Design Queer: Gestos e Práticas para um Futuro Pós-Binário” de b. benedicto e Laura Daviña, que apresentou reflexões e práticas que dialogam com a temática da exposição.

Muholi declara que pretende, com seu trabalho, preencher uma lacuna na história visual sul-africana, afirmando que “se eu conhecesse a face de meus avós, uma parte de mim não se sentiria tão vazia.”

Como as fotos são graficamente deslumbrantes, partimos para uma proposta tipográfica, sem grafismos adicionais. Desenhamos as letras do título da exposição, com formas que dialogassem com a ideia de lacunas: por isso as letras possuem um vazio interno no seu desenho. Esse espaço vazio interno dialoga com a ideia de que os retratos de Muholi se conectam subjetivamente com as pessoas retratadas – o espaço interno seria então a “essência” da letra. Os espaços vazios ao redor dos títulos dos textos também buscam remeter a essas lacunas.

As fontes utilizadas na composição dos textos da exposição são a DINDong e a Homoneta, e foram criadas pelo coletivo Bye Bye Binary, que tem a preocupação de incluir, por meio do desenho das letras, caracteres que abrangem diferentes identidades de gênero (isso na língua francesa, nativa do coletivo)

Como a maior parte das fotos é em preto e branco, pensamos em utilizar uma cor que trouxesse energia para o conjunto, em conversa com o caráter ativista do trabalho de Muholi – que já declarou que, enquanto ativista, usa o suporte artístico como objeto de manifesto.

O projeto gráfico do catálogo herda as características da identidade visual da exposição, além de contar com uma especificidade técnica: seu projeto levou em consideração os diferentes métodos de impressão utilizados ao longo dos cadernos que compõem a publicação, tornando desafiador intercalar sequências modulares de imagens em preto e branco e coloridas.

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